PCC atua como 'empresa de logística' para exportar cocaína pelo Porto de Santos, diz especialista
16/09/2025
(Foto: Reprodução) PCC atua como empresa de logística para exportar cocaína pelo Porto de Santos, diz especialista
O domínio da facção criminosa PCC no litoral de São Paulo é motivado por um interesse estratégico: controlar o Porto de Santos, ponto nevrálgico para a facção, que atua como uma "empresa de logística" para a exportação de cocaína. A análise é de Rafael Alcadipani, professor da FGV-SP e pesquisador em Segurança Pública, que defende uma "desocupação criminal" urgente do território.
Em entrevista o Estudio i, Alcadipani analisou o avanço do crime organizado no estado e propôs medidas para enfrentar o poder das facções.
"A questão do litoral sul de São Paulo, nessa região, é muito séria. São áreas e mais áreas ocupadas e existe um interesse muito grande do PCC ali, porque o PCC, eu sempre disse que ele é uma empresa de logística que manda a cocaína para fora do Brasil. Então, comandar esse território é muito importante. É urgente que a gente faça uma desocupação criminal desse território."
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Proteção para autoridades
Ao comentar a proposta do governo de São Paulo de ampliar a proteção a autoridades ameaçadas pelo PCC, o professor afirmou que a medida é urgente e necessária. Para ele, já passou da hora de o Brasil ter uma legislação que garanta a segurança de juízes, promotores e policiais que atuam no combate ao crime organizado, mesmo após a aposentadoria.
"A gente está chegando agora na aposentadoria da primeira geração que enfrentou o crime organizado [...], e a gente não tem histórico de como fazer isso. Países como o Chile garantem uma certa segurança para pessoas que estiveram tão expostas [...]. Eu vejo isso com bons olhos, já passou da hora da gente ter algo nesse sentido."
'Autoridade antimáfia'
Alcadipani também defendeu uma mudança estrutural no combate às facções. Segundo ele, o Brasil precisa de uma "autoridade antimáfia" para articular o trabalho das polícias e da Receita Federal e superar a disputa por "protagonismo" entre as agências, que hoje impede um combate mais efetivo ao crime organizado.
"A gente não pode viver num contexto aonde cada um quer ter o seu protagonismo. Por isso que uma 'autoridade antimáfia' é importante. É algo que junta essas agências, que são todas muito importantes, para realizar esse enfrentamento ao crime organizado e para tratar isso de forma muito mais profissional do que a gente está tratando hoje."
Para o especialista, essa autoridade centralizadora seria capaz de coordenar os esforços de diferentes instituições, tratando o problema de forma mais profissional e integrada.
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